Pelé Eterno

Não tive a felicidade de ver o Pelé jogando, mas tive o prazer de estar com Vossa Majestade em algumas oportunidades!

1.
Ter a honra de falar que “trabalhei com o Pelé” me enche de alegria!

Trabalhei em duas oportunidades com Vossa Majestade no Torneio Pelé, nos meses de Agosto e Dezembro de 1987!

Era disputado com equipes de garotos do Brasil e do exterior em vários estádios de SP, e eu fui o Coordenador do campo no Embu das Artes, já as finais eram na Casa do Rei, na Vila Belmiro, em Santos!

O Pelé sempre esteve presente, tirava fotos, autografava camisas, conversava com todos, e certamente muitos talentos foram revelados nesses Torneios!

(Obs: Nesta época recebi o convite do Professor Júlio Mazzei para trabalhar nos Estados Unidos como Professor de Futebol, o e burro aqui não foi!)

2.
Em 1992 meu pai era Treinador do Tokyo Gas, no Japão, tendo como Preparador Físico o Ângelo Maccarielo, e o clube recebeu a visita do Rei.

Encontramos com ele no estacionamento e caminhamos até o campo onde treinava a garotada do Tokyo Gas.

Lembro como se fosse hoje quando os garotos perceberam sua presença ao lado do gramado sintético, e simplesmente o jogo foi parando, parando, parando e parou, aos gritos de PELÉ PELÉ PELÉ!

O Rei tirou inúmeras fotos com todos que solicitaram, distribuiu autógrafos e um sorriso permanente!

De lá fomos para uma das salas do CT e presenciei as conversas do meu pai e do Ângelo com o maior jogador de todos os tempos, e eu lá, encantado com as histórias do passado, presente e do futebol do futuro.

Num determinado momento o seu assessor que não me recordo o nome, disse:

– Pelé, precisamos ir porque temos outro compromisso.

E o Rei:

– Pô, fala pra eles esperarem, estou conversando com os meus amigos!

Lá ficamos por cerca de 45 minutos numa reunião exclusiva com o humilde e atencioso Rei Pelé.

Quando voltei ao Brasil, enviei as fotos por correio para sua casa em Santos para que fossem autografadas, e dias depois recebi estes presentes eternos.

3.
Em 1996 meu pai foi Treinador do Santos FC, época que o celular estava começando no Brasil, portanto, ele ligava em casa de vez em quando para falar do time, e ao atender o telefone eu ouvia aquela voz inconfundível:

– “Pô favô”, o Professor Teixeira está?

E eu perguntava só para falar mais um pouco com a Realeza:

– Quem quer falar com ele?

E a resposta era sempre a mesma:

– É o Édson!

– Ahhhhh Pelé, é o Junior, vou chamar o meu pai!

– Obrigado, Junior.

Como fez em toda sua vida, sempre separou o Édson do Pelé!

4.
Em 1998 meu pai foi Assessor da Presidência da Federação Paulista de Futebol, e num dos eventos realizados na antiga sede da Av. Brigadeiro Luis Antônio 917, estive novamente com o Rei e desci no mesmo elevador com ele, meu pai e o Presidente da FPF.

Um pequeno momento, mas igualmente inesquecível ter a honra de estar novamente próximo de uma personalidade mundial.

Já o meu pai, que atuou no futebol profissional por mais de 50 anos, trabalhou diversas vezes com o Pelé, como Preparador Físico e também Treinador em várias Seleções Paulistas, de Novos e Brasileiras.

Como por exemplo, no Torneio Garrastazu Médice, em 1969, tendo na equipe o já famoso Pelé, Leão, Ademir da Guia, Dudu, Zé Maria, Ramos Delgado, Rivellino, Edu, Ado, Paraná, Swing, Ditão, etc, enfim, craques que certamente disputariam uma Final de Copa do Mundo na atualidade.

No Acervo que meu pai deixou, temos a bola dessa conquista, além de várias outras igualmente importantes com diversos atletas brasileiros, que jogaram com o Pelé e também contra ele, e pelas histórias que ouvi do meu pai, não era nada fácil enfrentar o Rei.

Aliás, lembro do meu pai contar sobre um determinado jogo na época que o Corinthians ficou longos 11 anos sem vencer o Santos no Campeonato Paulista (venceu em outras competições).

O Corinthians vencia no 1o. tempo no Pacaembu, todo mundo feliz que o tabu acabaria ali, e o Pelé fazendo gestos com a mão para o seu time pedindo CALMA CALMA CALMA…

No 2o. tempo o Pelé “resolveu jogar de verdade”, fez gols, virou o jogo, e o tabu permaneceu até o dia 06 se março de 1968, quando o Corinthians venceu o Santos por 2×0, com o Treinador Lula e meu pai como Preparador Físico.

Assistir o velório e enterro do Rei me despertou essas lembranças inesquecíveis, que faço questão de relatar.

De muitos anos para cá, que o futebol virou uma “peça de teatro”, com cada “ator decorando o seu texto”, com praticamente todos os times jogando da mesma forma, com os jogadores mais preocupados com a cor do cabelo e da chuteira, com o carro novo e as baladas, com as mídias sociais e os contratos; com os treinadores mais preocupados em não perder do que ganhar; essas memórias de quem acompanhou o pai em todos os clubes, treinos, vestiários, hotéis, preleções, jogos, viagens, etc, acabam ressurgindo no meu coração, e obviamente, me emocionando na despedida do Édson, do Rei, do melhor jogador de todos os tempos, do amigo, do atleta inigualável, que parou uma guerra e uniu muitos povos e países com o seu talento, sua humildade, seu sorriso e sua personalidade, que será eternamente chamado de PELÉ por todos os séculos!

Obrigado, Édson!
Obrigado, Pelé!

1940 – ♾️

São Paulo, 02 de Janeiro de 2023